domingo, 30 de novembro de 2014

About Serendipity

Soundtrack: click here

When it comes to people and places
There's no right or wrong
Better or worse
Correct or incorrect
There are just places
you deserve to be at
There are just people
you deserve to be with
It's about being happy
It's about deserving
It's all about the way you guide your own life
It's all about being who you really are
Make a decision
Find a way
It's all up to you
It's your life
Every choice is a loss
So please be glad about it
Put your shit together
The Earth is spinning
And as it comes and goes
Life is rearranged
Keep looking up
You have just become it
You've just got what you have always deserved
Some people call it karma
Some others call it God
I call it 'serendipity'

Keep your head up
And your middle finger higher
There you go, girl
Time to fly

domingo, 23 de novembro de 2014

Sobre a poesia, a arte e as ruas

Trilha sonora pra esse texto: clique aqui
 
 

Cansada, procurava um poema
Nos livros, pareciam presos a uma simultaneidade
De tristeza e felicidade, de sufoco e liberdade
No papel não eram mais suficientes
Queria amor, dor, vida, queria realidade
 
Nos muros perdidos, entre o anônimo e o reconhecido
Com ou sem sentido
Prazeres que apenas a combinação de letras provê
 
 
Apenas pra quem sente
Apenas pra quem vê
 
Queria sair de padrões, queria sair de seus pensamentos
Tomava qualquer café e voltada para antigos apartamentos
Entrava em qualquer ônibus, dormia em qualquer quarto
Acordava e continuava seus passos
Continuava procurando por abraços
 
Sentia Thompson, vomitava Bukowski, buscava Clarice
Registrava em sépia, preto, branca, letras e pessoas nuas
Espelhos, paredes, corpos e palavras
Voltava pra casa assistindo ao Sol nascer por trás dos prédios
Voltava pra casa olhando as paredes das ruas

Ignorava a figura que sempre a observava
Sempre com um bilhete preso em sua porta
Em todas as madrugadas em que voltava
Apagava a luz, fechava as janelas, bebia um gole de chá gelado
Embora pensemos que o presente decide o futuro
É o presente que define o passado


Encontrou a poesia
O silêncio
E, finalmente, a compaixão
 



 


 
 


 
 

sexta-feira, 21 de novembro de 2014

Sobre o café

Trilha sonora pra esse texto: clique aqui


Este texto deve ser curto devido ao tamanho do único papel que consegui pra rascunhá-lo Uma missão árdua pra quem tem todas as palavras do mundo na cabeça A caneta falha e o guardanapo onde escrevo é pequeno e amassado Como fazer isso Hoje não quero pontuação ou parágrafos ou canetas coloridas ou papéis cor de rosa Quero apenas um café Algo difícil de encontrar nessa redondeza nesse horário Não tenho medo de estar sozinha Tenho receio de onde isso vai acabar Penso que existem tantas pessoas interessantes nesse mundo Por que eu Por que a minha vida tem que ser perseguida Por que alguém que busca o silêncio cruza com pessoas tão vazias baixas e pobres de espírito O que a minha vida tem de especial pra ser observada com tanto afinco Nada Não há nada de especial Entendo que estar preso num aquário onde a tela do computador é a única chance de ver o mundo é triste E deve ser isso Deve ser o sufoco de alguém que vive preso dentro do seu próprio ego Dever ser Não sei Mas entendo e tenho pena Me protejo como posso e sigo minha vida Viajo sozinha dentro da minha própria cidade procurando por lugares novos Uma tentativa de me mexer sem precisar ir tão longe Acho o café que procurava Peço por uma caneta e rascunho um guardanapo Isso é a minha vida O guardanapo acaba no mesmo momento que alguém senta pra falar comigo A caneta quase não escreve mais Bebo o derradeiro gole e a noite recomeça Não tenho mais sono Já sei onde isso vai acabar Ponto final





terça-feira, 18 de novembro de 2014

Sobre quem respeita meus fones de ouvido

Trilha sonora pra esse texto: clique aqui


Assim como outras muitas histórias começaram nesse dia, esta história também se iniciou no dia 15 de Fevereiro de 2003, o dia que determinou parte dessa minha existência, parte da minha caminhada, parte da minha felicidade. Foi nessa manhã de sábado que a conheci.
Estava começando a dar aula nessa escola. Era meu primeiro semestre lá e apesar de já conhecer todos os professores e dominar o método, os alunos seriam novos e isso até hoje, mesmo depois de tantos anos na profissão, é algo que me deixa apreensiva. Lembro que minutos antes de entrar na aula, perguntei sobre os alunos pra professora que os havia lecionado no semestre anterior. Ela me respondeu: “Essa classe é muito boa e tem a Mari-go-to-hell, muito engraçada, você vai adorar ela.” – Sim, foram essas as primeiras informações que recebi da criatura.
A turma era realmente muito boa. Já haviam se formado e o semestre que estudariam comigo seria apenas uma espécie de extensão focada em prática e fluência no idioma (Inglês, no caso). Ela chegou atrasada no primeiro dia de aula. Entrou com cara de sono (a mesma até hoje), cabelo azul e tatuagens nos ombros. Feitas as apresentações iniciais, ouço uma conversinha lá do fundo da sala e logo em seguida, o memorável “Ah meu, go to hell!!!” seguido de um “Sorry, teacher”  – Essa era a menina de quem haviam me falado. Sim, gostei dela. Gosto de gente engraçada.
O semestre correu tranquilo, divertido e desafiador. Precisávamos apresentar uma peça teatral pra escola toda e o fato de já serem formados trazia uma responsabilidade maior. Seria filmado e avaliado como um “TCC”. Os alunos escreveram o roteiro, escolheram o figurino, trilha sonora e montaram o cenário. Foi o meu primeiro trabalho com teatro e pela primeira vez dirigia uma peça.  E foi no dia dessa apresentação que a gente se viu pela última vez como aluna/professora. Dissemos ‘goodbye’ e seguimos nossas vidas. Ela, uma menina, começando uma universidade, falando inglês lindamente e cheia de planos pra vida. Eu, uma jovem professora, casada, promovendo baladas pra um público alternativo, vendo filmes de arte e pensando no que fazer pra janta.
Daí, THANK GOD, vieram as massificações das redes sociais. Orkut e blogs. Muitos. Uma explosão pré-facebookiana, quando começamos a entender que tudo o que o queríamos era saber da vida do outro. Nos adicionamos, nos lemos, nos observamos de longe-perto, como 99% das outras pessoas que fazem parte da nossa rotina online. E desde sempre, eu gostava daquele jeito espontâneo de falar da vida, de opinar, de falar mal, de rir. E de nunca esconder nada. Meus perfis são sempre trancados, desde o falecido ‘leio, respondo e apago’ até hoje. Toda a minha vida social/virtual é restrita às pessoas que eu escolho ter acesso a ela. Os perfis dela, lógico, são abertos. Go to hell é assim, um estado de espírito livre. Porque ela bate no peito e fala ‘hoje eu vou à marcha das vadias e que se foda’. Não é à toa que hoje somos o que somos. Eu precisava muito dela pra também bater no peito e dizer que se foda. E não me sentir culpada por isso. Daí que um dia, no Twitter, tudo aconteceu (de longe, nossa rede social preferida). Eu lia aquelas coisas que ela postava e pensava o quão éramos parecidas. E começamos a interagir. Até que fui tirar uma dúvida com ela e ela me respondeu: “Vem comigo que é só vitória”. E foi. E tem sido. E será se o universo quiser.

Por quê? Bom, porque ela é uma das poucas pessoas que respeitam meu silêncio, meus fones de ouvido, meus pensamentos e minha filosofia. Porque ela também é uma viajante individual, porque ela também ama Madonna, café, museus e a Rua Augusta. Porque discutimos qualquer tema, opinamos, argumentamos e rimos. Muito. O tempo todo. Porque ela também procura por praias desertas, trilhas escabrosas e cachoeiras geladas. Porque somos antagônicas em algumas coisas e isso é divertido. Ela é corintiana - coitada e eu são paulina - tricampeã mundial. Ela chama meu ídolo de ‘viadinho’ e não acredita em Deus. Mesmo assim assiste aos jogos comigo e me ouve falando de Espiritualidade por horas sem reclamar. Porque é pra ela que eu mando as minhas localizações todas as vezes que estou em alguma situação de risco. Porque a gente ama tomar Frozen Yogurt na Paulista. Porque ela tem as tatuagens mais lindas que eu já vi. Porque a intuição dela é do caralho, e eu juro que da próxima vez que ela disser ‘sai fora, é furada’ eu a ouvirei. Porque temos, taciturnamente, um acordo de não reclamarmos da mesma coisa por muito tempo. Ou aceitamos ou mudamos. Porque ela não tem TV, lê Saramago comigo e não liga se eu dormir no meio dos filmes. Porque ela me ensinou a fazer trilha, a procurar os Buritis, a amar açaí. Porque quando mais precisei, ela me colocou dentro das suas malas, me levou de férias pro berço do meu recomeço e me ajudou a resolver as merdas que eu havia me metido. Porque ela costura. Porque ela pega todos os bichos que encontra pelo caminho e os cria dentro do seu apartamento de um quarto. Porque ela é vegetariana e impõe limites no meu cardápio hyper-junkie. Porque somos permissivas. Porque a gente se mete a modelo e aceita fazer ensaios pseudo-lésbicos pra amigos fotógrafos. Porque ela é mestre de Yoga e me ensina a respirar. Porque ela me manda mensagem perguntando como faz ‘tudo’. Porque a gente canta o Hino Nacional sempre que estamos juntas (?). Porque ela canta e dança as músicas da MC Carol. Porque andamos quilômetros e quilômetros em todos os lugares que visitamos. Muitas vezes em silêncio. Muitas outras apenas cantando. Porque ela é a pessoa que eu mais amo fotografar e a única pessoa com quem mantenho um blog (não o divulgamos, sorry). Porque eu nunca preciso pedir pra ela não contar minhas coisas pra ninguém. Porque ela guarda meus segredos, me empresta seus batons maravilhosos da MAC e me dá sapados de presente. Porque ela me chama de diaba, velho, mano, ow, bixa, cara, e o meu preferido, ‘tio’. Porque todas as vezes que eu digo que a amo, ela me responde ‘problema seu’. Porque juntas, a gente aprende, evolui e progride.

Porque ela é foda.
Feliz Aniversário, irmãzinha. Te amo – Tá, eu sei, problema meu.



Leia mais sobre o dia 15 de Fevereiro: clique aqui

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Sobre diálogos e minimalismos

Trilha sonora pra esse texto: clique aqui
 
 
- Por que você vem pra cá sempre no mesmo dia da semana, sempre no mesmo horário?
- Sou metódica.
- Por que aqui?
- Gosto do vazio e do silêncio.
- Escreve o quê?
- O que tiver vontade.
- Posso continuar aqui do teu lado?
- Já está.
 
 
- Não quer me perguntar nada?
- O que vem fazer aqui?
- Procuro abraços.
- Quer um?
- Por favor. Procuro amor também.
- Já encontrou alguma vez?
- Não.
- Por que continua?
- Sou metódico.
- Por que aqui?
- Gosto desse sofá.
- Este que estou sentada?
- Não. Este que estou sentado.
- Quer experimentar desse lado? A luz é linda aqui.
- Por favor.
 
 
 
- O que você quer?
- Trocar um par de asas por dois pés no chão. Mas agora preciso ir.
- Volta semana que vem?
- Não sei.
- Por favor.
- Por quê?
- Gosto de te ver sentada aqui. Posso saber teu nome?
- ...
- Preciso saber quem é você.
 
 
- Quer ir pra algum outro lugar?
- Aonde quer ir?
- Escolha.
 
 
- (...)
- (...)
 
 
- Obrigado.
- Até um dia.
 



 

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

About what I am

 

I am
Running through gusty fields
Inhaling, exhaling
Benumbed and glad
I am
Deeming myself worthy of this honor
Seething recollections of youth
Rekindling memories of blessings
Burying dreadful reminiscences
I am
Allowing large waves to rise up and drench me
Accepting that this deliverance is granted
And, finally, being blissful for what I really am:

Free
 




 

  

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Sobre meus fones de ouvido - parte II

 


Caminhar pela cidade sempre procurando um pôr-do-sol novo, o melhor café, o melhor sebo. Ter tempo pra essas coisas é um privilégio de quem tem a alma livre. Pra mim, o Sol sempre é mais lindo quando se põe no Vale do Anhangabaú, o melhor café é sempre o da Livraria Cultura e o Messias é o lugar mais legal pra se passar uma tarde. Sim, essa é minha rota ‘não me encham, hoje eu quero sair só’. Como não amar um lugar onde se pode ver um filme de arte no Cine Sesc a R$ 2,00 ou descobrir 6 esculturas do século passado gratuitamente expostas no centro da cidade? Como não querer estar por aí, de metrô pra cima e pra baixo, vendo Elvis Presley cantando ao vivo na Paulista, subindo e descendo os escadões da Avenida Nove de Julho, ou procurando street art da melhor qualidade?

Não é preciso estar nos melhores restaurantes, nas melhores salas de cinema ou nos shoppings mais badalados (aaargh). Um setlist incrível, uma garrafa d’água, óculos escuros, protetor solar, bilhete único carregado e um bom livro dentro da mochila. Disposição pra descobrir alguma coisa nova e um par de All Star nos pés. Saia do seu bairro. Não aceite companhia de quem não conhece nada além do seu próprio quarteirão. Não se prenda às amarras desse sentimento pequeno de bairrista provinciano.
Poxa, São Paulo é a cidade mais legal do mundo - pelo menos do mundo que eu conheci até agora. Sei que não foi muito, mas foi o suficiente pra eu afirmar isso. Obviamente, ela só é fantástica assim porque eu não passo o tempo todo dentro dela. Gosto de sair pra ter saudades daqui. E claro, quando estou por aqui, continuo procurando o que sempre procuro quando estou nas estradas. Busco caminhos novos, abraços anônimos e parques escondidos onde eu possa ler meu livro em paz. Aprecio a companhia apenas de quem respeita isso.

Seguem algumas fotos feitas nessas minhas andanças, e logo abaixo delas uma pequena seleção pra se ouvir 'in the city'.

 
 






 
 
 



 
An Urban Setlist
Crash Test Dummies - A little something
The Jesus and Mary Chain - April Skies
Faith No More - A Small Victory
Nouvelle Vague - Putain Putain
Club des Belugas - Frankie
Bebel Gilberto - Aganju
Adriana Calcanhotto - Vamos Comer Caetano
Nação Zumbi - O Que Te Faz Rir
Caetano Veloso - Fora da Ordem
Cazuza - Um Trem Para as Estrelas