sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Notas da estrada: do futuro

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E desde as sementes de cacau, lá na civilização Asteca ou o escambo, no início da sociedade, o homem, esse serzinho esquisito, vem fazendo as maiores cagadas por conta desse negócio chamado ‘dinheiro’ (termo que pode facilmente ser substituído por ‘poder’, ‘status' ou 'título’). Culpa de um orgulho e de um egoísmo inato. Culpa de um meio doente, alienado e sedento por pedaços de papel, matéria, objetos, coisas. Tudo que vai ficar quando não mais estiver aqui, nesse planeta de gente esquisita.

Penso sempre naquele ser perdido no deserto carregando uma mala de dinheiro. Se não há água, de que valerá aquele monte de pedaço de papel? Penso no milionário em estado moribundo, esperando a morte chegar. Se não há mais vida, do que vale aquele monte de coisas que ele acumulou ao longo da vida? Vida essa que, por conta daqueles pedaços de papel, o fez perder amizades, discutir com familiares ou, até mesmo, romper elos de suma importância evolutiva. Penso na mãe que tem todo o dinheiro do mundo, mas não pode trazer o seu filho de volta. O que realmente você quer comprar? Se na verdade a vida é como um jogo tipo ‘Banco Imobiliário’, onde os jogadores permanecem anos e anos dando voltas e voltas, comprando e vendendo. Até que um dia o jogo acaba, você coloca as pecinhas nos seus devidos lugares, fecha o tabuleiro e é isso. Não há mais nada a fazer com aquelas casinhas de brinquedo. Ou aquele dinheirinho de papel.

Penso sempre em como mudar isso. Pelo menos na minha vida, que é a única que eu realmente tenho total liberdade, autonomia e direito sobre. Afinal, essa ideia de se mudar a vida dos outros é uma loucura que essa sociedade capitalista inventou. Fique satisfeito por mudar a sua e esqueça a dos outros.


É preciso plantar, pescar, matar se for preciso. Porque na natureza se encontra de tudo. Encontra-se alimento, água, remédio e paz. Por sorte, encontra-se até pessoas parecidas com você que, corajosamente, decidiram comprar felicidade. 

domingo, 4 de outubro de 2015

Notas da estrada: das liberdades

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É como aquele parque de diversões que um dia fui. Naquelas horas intermináveis de espera, para alguns segundos de estômago revirado e frio na espinha.

Na confiança de que o eterno existe, na gênese do abismo que é sentir e querer. Em palavras jogadas ao vento, que nunca desaparecerão. Em sensações que retornam junto com seus olhos sobre os meus.
E do alto daquela colina, pude perecer. Sentindo o frio entrando pelos meus poros e o cheiro da madeira queimando dentro daquela lareira. Dentro de mais um momento em que percebi o porquê de estar lá.

Comparei-o ao encarcerado que vê nas páginas de um livro a sua única chance de estar em qualquer outro lugar. Comparei-me a uma fábula qualquer, sobre rainhas perdidas em reinos distantes, bruxas e duendes mal compreendidos.


Silenciosamente, fiz uma prece. Deixei a cidade sem olhar pra trás.