segunda-feira, 20 de abril de 2015

Sobre o enquanto

Trilha sonora para esse texto: clique aqui


É aquele momento em que me deito no escuro deste quarto, no silêncio merecido, ouvindo apenas o barulho da minha própria barriga que penso em como, de fato, o mundo volta ao seu lugar.
Parada, sem sair do lugar, sem querer sair do lugar. Naquela antiga sensação do relógio, que mesmo parado, quebrado e inútil, acerta duas vezes num dia. É assim, estou parada e a conta gotas as coisas se acertam. É o mundo que se move e se ajusta a minha volta. Estou parada ouvindo apenas os sons que meu corpo reproduz.
E dentro do silêncio da minha mente, voltam palavras, sensações, sentimentos e momentos. Sem saber ainda o que fazer, sem a nobreza do perdão que ainda me falta, admiro e respeito calada a nobreza de outrem. Permaneço calada e imóvel, esperando que o tempo continue me dizendo o que fazer.
Por enquanto, apenas o doo. Por amor, esse que me maltratou e agora me pede humildade.
Por enquanto, agradeço o veneno que se transformou em antídoto. O mofo que se transformou em cura.

Por enquanto, apenas resignação.