terça-feira, 22 de março de 2016

Sobre o verão de 2016 - da aceitação

 Trilha sonora pra esse texto: clique aqui


Deixei de escrever durante todo o verão. Havia novidade, criatividade, até vontade. Mas faltava uma lição a aprender. Faltava entender o fim.
Escrever é sempre uma forma de eternizar algo. Da mesma forma que uma fotografia, as palavras te ajudam a guardar aquilo que se quer, da forma que se quer. Deixar acabar primeiro e depois eternizar de alguma forma foi uma maneira que encontrei de aceitar que tudo aquilo que vivemos tem fim. Que sempre haverá algo pra recomeçar. Deixar passar, respirar fundo e reviver em minha mente apenas aquilo que eu escolhi reviver.



E eu escolhi o mar. Alguns mares, muitas estrelas, uma quantidade de areia infinita e um céu colorido. Escolhi entrar em contato comigo através da natureza selvagem. Escolhi deixar todo o sal do oceano Atlântico levar embora minhas dores.

Estar no Uruguai novamente, morando e trabalhando numa comunidade hippie de vinte e oito pessoas, ouvindo todos os idiomas do mundo, dando passagem pra quem pedisse e entrando no mar gelado todos os dias. Revendo amores, comendo doce de leite, tomando mate, lendo enlouquecidamente e caminhando.

Entrar no Mar Casado com Pernambuco, ao lado de alguém a quem não preciso dar explicações. Ver o Sol se pondo, manchando o Universo acima da minha cabeça com cores inexplicáveis.
Encher a mala de novo e caminhar rumo ao norte. Conhecer almas extremamente solidárias no caminho. Ser feliz e morrer de saudades. Daquele cheiro, daquele abraço.

Voltei pra me reconciliar. Comigo mesma e com o mundo.