quarta-feira, 1 de junho de 2016

Sobre os círculos e ciclos da aceitação

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Das perdas irreparáveis que são sempre seguidas de escolhas relevantes. Quem escolhe viver pra viajar não sabe o que é viajar pra viver. A pessoa que corajosamente enfrenta uma estrada sozinha sabe que o mundo é feito de formas e que o círculo é o que mais lhe convém. Onde correm livremente sem obstáculos, mas de alguma maneira sempre acabam voltando pro mesmo lugar. As coisas mais belas são em formato circular. O sol, a lua, o planeta. Não me prenda em quadrados onde os cantos existem pra me deixar sufocada diante da vontade de ser livre. Estar livre é passageiro. Ser livre é um estado de aceitação.

Aceito a minha escolha de ficar. Por dores, por sabores e amores. Aceito ficar porque o que mais preciso nesse momento é estar atada nas minhas raízes. Deixarei a árvore crescer, mas a deixarei no meu quintal. Os frutos virão, tais como os pássaros que se alimentarão deles. Mas agora, nesse exato momento, eu preciso da minha base, da minha janela, do abraço de meu pai e da barra da saia da minha mãe.

Aceito que a minha outra vida tem que esperar um pouco. Que ela existe e está segura dentro de um paraíso escondido no final do continente.

Aceito que boa parte dos que eu amo estão longe. Alguns em outras cidades, outros em outros países, e até um em outro continente. Infelizmente, alguns já me esperam em outro plano. Aceito que a distância é necessária, e quem viaja pra viver sabe o que é a delícia de um reencontro. Seja ele quando for. Se tiver que ser. – Na rua, na chuva ou na fazenda. Ou lá na minha casinha de sapê...

Aceito o meu novo ciclo de vida, sentindo a paz que eu busco tanto e trabalho duro pra ter. Grata ao meu último ciclo que se encerra, pois sei que as escolhas que fiz me trouxeram onde estou. Que eu continue fazendo as escolhas certas, que eu aceite as erradas. E que, acima de tudo, eu continue sendo sincera e honesta com os meus sentimentos e desejos.

Porque é só assim, aceitando a verdade dentro de mim e de meu coração que eu consegui chegar perto daquilo que as pessoas costumam chamar de felicidade. Eu chamo de liberdade.