segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Sobre a Ilha



Eu andei alguns bons metros pra chegar até lá. Em todas as buscas que havia feito, a gruta era uma das principais atrações. Sabia que precisava conhecê-la, que a trilha pra se chegar até lá era linda e fácil, que a praia que eu encontraria seria deserta. Eu sabia de tudo isso. O que não imaginava, seria a sensação de estar lá dentro.
A gruta é pequena por dentro. Gigantesca por fora. Quando a maré está alta, não se entra. A praia estava deserta, assim como a maior parte da ilha. Decidi viajar no inverno, pois sei que o inverno numa ilha tem o vazio que eu procuro nas minhas trilhas.
Estendi uma canga, sentei em posição de lótus e durante um longo período, ouvi duas goteiras apressadas, sincronizadas e incessantes, o barulho das ondas do mar ali do lado e o silêncio milenar daquelas rochas que me abrigavam. Ouvir o silêncio de uma gruta é uma das coisas mais purificantes que já experimentei. Feita meditação, preenchida pela paz e grata pelo momento, me levantei para o alongamento e, até aquele momento não havia feito isso, olhei para um canto da gruta. E eu a vi. Uma minúscula imagem de Nossa Senhora Aparecida, escondidinha no meio de pedras há muito tempo. De alguma forma, parecia que estava esperando por mim.

Pela minha base católica, rezei Ave Maria. Pela minha alma milenar, pedi. Por tudo que estava sentindo naquele momento, agradeci. Retirei-me da gruta, me despi e deitei naquela areia quente.
Desse momento, sobrou-me um texto nunca publicado. Desse instante, restou-me a busca por uma nova essência. Desse dia, a ideia de que tudo estava certo. Desse período, o aprendizado.
Ontem foi dia de Nossa Senhora. Lembrei-me dela, dessa viagem e de mim. É certo que minhas preces foram ouvidas. Pedi a ela que tirasse todo o mal de perto de mim. Pedi a ela que me mostrasse os caminhos e mantivesse apenas o que fosse verdadeiro. E foi assim que eu acordei hoje. Sabendo que apenas o verdadeiro importa. Feliz e grata por ter fé.

Nenhum comentário:

Postar um comentário