sábado, 6 de dezembro de 2014

Sobre o que eu vi por aí

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O pior ano da minha vida está chegando ao fim. Mais alguns dias e 2014 pode ser enterrado e esquecido. Esse ainda não é o último texto do ano, mas é o último texto de um ciclo. Fechando o zíper da minha mala, anotando o que ainda preciso ver antes de abrir as portas de 2015 e encontrando quem o universo me faz encontrar.
 
Visitei Lina Bo Bardi, entre as décadas de 1940 e 1980, e aprendi sobre a história do Design Gráfico. A artista tem seu trabalho reconhecido dentro do universo arquitetônico, mas sua faceta gráfica ainda é desconhecida. Exposto gratuitamente no Sesc Pompéia.
Veio aquele desejo de sentir o cheiro de uma cidade histórica perdida no meio do nada. Como faz? Como achar o cheiro do barroco nessa cidade que tem cheiro de mijo? Pois então, eu achei Aleijadinho na Biblioteca Mario de Andrade. Matei um pouco a vontade de voltar pro século XVIII e senti o cheiro que precisava sentir. Além disso, percorri os longos corredores de livros, cumprimentando com a cabeça todos aqueles que eu já li, fazendo reverência a todos aqueles que ainda vou ler e sentindo a energia de anjos ao meu redor. Bibliotecas fazem me sentir assim.
 

Cansada do preto e branco. Nada contra, pelo contrário, aprecio muito a arte minimalista, porém, tem horas que é preciso correr atrás de cores, de luzes e tons diferentes. Achei três andares de muitas cores. No primeiro andar da Galeria Olido eu vi as Artes do Circo. Prestigiei os artistas tão desprezados dentro da nossa cultura urbana, me emocionei ao lembrar de um tempo em que eu era criança e ir ao circo era o passeio do ano. O passado de novo, na minha frente, em cores vivas e quentes. Com música e história. 
 
 
No terceiro andar, a poesia de cordel. Lampioa, a personagem principal. Ao redor dela, figuras estranhas e poesias. A melhor coisa que eu já encontrei perdida no meio do centro da cidade.

É Primavera. Os dias estão quentes e os fins de tarde mais lindos do ano acontecem agora. Procurar a flor perfeita nesse período é um ritual que mantenho há anos. Eu encontrei algumas flores perfeitas, mas a mais linda eu vi aqui. E também vi pássaros, árvores, campos abertos e árvores melancólicas. Fiz alguns ensaios fotográficos inesquecíveis e conheci pessoas inacreditáveis. Montei acampamento e escrevi.

Um dos cafés mais caros, mais cheios de frescura e mais deliciosos da cidade é o do CCBB, sem dúvida. E sempre tem alguma coisa legal pra se ver lá. Conheci Hans Hartung e sua oficina do gesto, comi o bolo da vovó e tomei um daqueles cafés com nome estranho e essência de mármore que eles vendem por lá. Se você vier conhecer a cidade e não tomar esse café, me desculpe, você não veio pra São Paulo. Se você mora aqui e ainda não tomou esse café, me perdoe, mas você está fazendo tudo muito errado.

 

Olha só, Ron Mueck 'is in da house'. O que dizer sobre ele? Espetacular. Mais feliz ainda é ele estar exposto na Pinacoteca, um lugar onde, além das grandes e famosas exposições, podemos ver arte em qualquer lugar. Nos corredores, no chão, no teto, no parque nos fundos do museu. São tantas obras, tantas estátuas, tantos jardins e tanta vida, que é preciso estar disposto a andar o dia todo procurando por tudo isso.

 
Finalmente, Salvador Dalí. O mestre. O gênio. O dono do perfume que eu usei durante longos 12 anos da minha vida. Da agenda que eu tinha na quinta série, da camiseta que eu ganhei de amigo secreto sem nem saber quem era. Disputei os centímetros quadrados com a multidão que estava lá fazendo seus 'selfies' na frente das obras, tentando ver os detalhes que eu quis ver de perto por tanto tempo. Mesmo com tantos inconvenientes, tanta criança gritando e tanta gente sem noção do que estava fazendo ali, a exposição é fantástica. Dalí é foda e precisa ser visitado.

Caso fiquem por Sampa, aproveitem o que ela tem de melhor. Quanto à mim, estarei lendo, fotografando e escrevendo de algum lugar mundo e, com certeza, sentindo saudades da minha cidade.
 
Boas férias à todos.
 



 

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