Sentiu um cheiro forte de café antes de abrir os olhos. Uma luz fraca entrava pela janela, e a primeira coisa que viu ao despertar foi um cãozinho tentando puxar seu osso que nesse momento estava debaixo dela. Levantou um pouco as costas, o suficiente para ajudar Tito, o cãozinho, a retirar o seu brinquedo. A porta do quarto se abriu e ele entrou, carregando uma xícara de café com leite. “Café fervendo, leite frio e 9 gotas de adoçante. É assim, não é?”, perguntou sorridente. Ela concordou com a cabeça, sorriu honestamente e bebeu dois longos goles de seu desjejum preferido. Leram alguns textos, tentaram escrever alguns poemas. Falaram pouco.
O dia de ir embora estava próximo e ela precisava sair dali. Uma força parecia a segurar naquele lugar. Passava os dias com o cãozinho, não se alimentava até que ele voltasse do trabalho e cozinhasse algo pra ela. Aquilo não o incomodava. Ele sabia que precisava voltar pra casa e alimentar aqueles dois seres que o aguardavam com tanto carinho. Eles conversavam sobre o dia dele. E ela lia pra ele os melhores textos que havia lido no dia dela. Comentavam o telejornal, se alimentavam, adormeciam juntos e muito cansados.
Até que um dia ele voltou do seu trabalho e ela não estava mais lá. Nenhuma carta, nenhuma mensagem. Tito olhava pra ele, como que dizendo “é, meu amigo... ela se foi”. Ele sentou-se na cama, sentiu o cheiro dela no seu travesseiro e adormeceu. Por dois dias seguidos. Ele sabia que ela estava feliz. E isso bastava.
Acordou, tomou um gole de
conhaque e saiu pra trabalhar.
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