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Deixei de escrever durante todo o verão. Havia novidade, criatividade, até vontade. Mas faltava uma lição a aprender. Faltava entender o fim.
Escrever é sempre uma forma de eternizar algo. Da mesma
forma que uma fotografia, as palavras te ajudam a guardar aquilo que se quer,
da forma que se quer. Deixar acabar primeiro e depois eternizar de alguma forma
foi uma maneira que encontrei de aceitar que tudo aquilo que vivemos tem fim.
Que sempre haverá algo pra recomeçar. Deixar passar, respirar fundo e reviver
em minha mente apenas aquilo que eu escolhi reviver.
E eu escolhi o mar. Alguns mares, muitas estrelas, uma quantidade de areia infinita e um céu colorido. Escolhi entrar em contato comigo através da natureza selvagem. Escolhi deixar todo o sal do oceano Atlântico levar embora minhas dores.
Estar no Uruguai novamente, morando e trabalhando numa
comunidade hippie de vinte e oito pessoas, ouvindo todos os idiomas do mundo,
dando passagem pra quem pedisse e entrando no mar gelado todos os dias. Revendo
amores, comendo doce de leite, tomando mate, lendo enlouquecidamente
e caminhando.
Entrar no Mar Casado com Pernambuco, ao lado de alguém a
quem não preciso dar explicações. Ver o Sol se pondo, manchando o Universo
acima da minha cabeça com cores inexplicáveis.
Encher a mala de novo e caminhar rumo ao norte. Conhecer
almas extremamente solidárias no caminho. Ser feliz e morrer de saudades.
Daquele cheiro, daquele abraço.
Voltei pra me reconciliar. Comigo mesma e com o mundo.
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