Este texto deve ser curto devido ao tamanho do único papel que consegui pra rascunhá-lo Uma missão árdua pra quem
tem todas as palavras do mundo na cabeça A caneta falha e o guardanapo onde
escrevo é pequeno e amassado Como fazer isso Hoje não quero pontuação ou parágrafos
ou canetas coloridas ou papéis cor de rosa Quero apenas um café Algo difícil de
encontrar nessa redondeza nesse horário Não tenho medo de estar sozinha Tenho
receio de onde isso vai acabar Penso que existem tantas pessoas interessantes
nesse mundo Por que eu Por que a minha vida tem que ser perseguida Por que
alguém que busca o silêncio cruza com pessoas tão vazias baixas e pobres de espírito
O que a minha vida tem de especial pra ser observada com tanto afinco Nada Não
há nada de especial Entendo que estar preso num aquário onde a tela do
computador é a única chance de ver o mundo é triste E deve ser isso Deve ser o
sufoco de alguém que vive preso dentro do seu próprio ego Dever ser Não sei Mas
entendo e tenho pena Me protejo como posso e sigo minha vida Viajo sozinha
dentro da minha própria cidade procurando por lugares novos Uma tentativa de me
mexer sem precisar ir tão longe Acho o café que procurava Peço por uma caneta e
rascunho um guardanapo Isso é a minha vida O guardanapo acaba no mesmo momento
que alguém senta pra falar comigo A caneta quase não escreve mais Bebo o derradeiro gole
e a noite recomeça Não tenho mais sono Já sei onde isso vai acabar Ponto final
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