Este é um relato de alguém que decidiu fazer depois dos trinta, algo que deveria ter feito aos vinte anos de idade. Nessa idade, a única trilha que eu fazia era nos jardins escondidos do Central Park. Quem conhece o lugar sabe que tipo de aventura encontramos nesses remotos anti-turísticos e apaixonantes cantinhos fora do óbvio.
Comecemos pelo óbvio. Como escolher a trilha? Se você é um principiante, pesquise tudo o que puder ANTES de fazer qualquer loucura. Veja se dá pra aguentar, se é íngreme, quanto tempo uma pessoa normal leva pra chegar ao destino (geralmente quem alimenta sites sobre dicas de viagem é alguém altamente treinado pra esse tipo de esporte, então se a pessoa diz que levou 2 horas pra fazer a travessia, você vai levar 5), qual o destino (porque a compensação é exatamente o motivo de se fazer uma trilha) e se não tem muita farofada ou gente com camiseta estampada de Romero Britto cruzando seu caminho.
Mochileiros e Trip Advisor continuam sendo os melhores sites pra pesquisas.
Eu não pesquisei na minha primeira trilha e um passeio ao Rio Aquidauana, Pantanal sul-mato-grossense, acabou virando uma trilha de 3 km dentro da mata fechada, atravessando vazantes e enfrentando uma tempestade tropical. Traumático? Nem um pouco. Os tucanos, as araras, a água gelada do rio, as chalanas, a boiada branca correndo nos vastos campos das imensas fazendas que atravessamos e até o pavor das piranhas fazem parte de uma das memórias mais lindas que tenho.
Depois disso, voltei às trilhas com muita precaução, pesquisa e preparação. Aprendi a montar uma mochila útil para a atividade, (na primeira trilha levei até nécessaire com make), me condicionei, perdi peso e comi muita cenoura e beterraba - nada melhor pra voltar com aquele bronzeado-molho-shoyu pra São Paulo sem ter que gastar um absurdo com bronzeador importado.
Sem mais delongas, e tentando ser o mais objetiva possível (sou geminiana, sorry), vamos ao que interessa. Já sabe aonde vai? Lembre-se de que, se for pra cachoeira, não vá no período de chuvas, ou você não vai entrar em nenhuma. Se for pra praia, evite alto verão. Além de cheio, é caro. Trilha boa de praia é no inverno. No verão brasileiro, vá às trilhas no inverno canadense. No inverno brasileiro, corra pras trilhas de Punta del Este. No outono? Trilhas urbanas em jardins – sim, fiz uma em Curitiba de 1 km e meio.
Agora vai, divirta-se e perca suas celulites. Trilha não combina com bebida alcoólica e cigarro, música alta e conversinha. Chegando lá, faça o que quiser. Mas lembre-se que tem que voltar, então não abusa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário