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Ficar, enraizar, permanecer, estar. Tirando todo o lado
negativo que essas palavras trazem a um viajante, elas também podem representar
uma estabilidade emocional, profissional e consequentemente, financeira. O que
se faz no futuro com o dinheiro que se ganha no presente é o que define o lado
positivo ou negativo dessas fases.
Certamente comprarei alguns quilômetros de
distancia, e mais um punhado de experiência e liberdade com o lucro material
que meu conhecimento multiplicado me traz. Certamente usarei parte dele para
ajudar quem realmente precisa, como uma pequena forma de agradecer a saúde e a
sorte que tenho nessa vida. Certamente empregarei nele todas as melhores
energias, para que nunca falte.
E enquanto ficar usufruirei dos dias quentes e noites
geladas dessa tentativa de inverno e das gratuidades que uma cidade como essa
que eu vivo me oferece. Aproveitarei os parques, as ruas e as casas
abandonadas. Acordarei em hotéis decadentes do centro da cidade, fotografarei o
pânico que a multidão me faz sentir e o céu que sempre me traz lágrimas nos
olhos. Falarei bobagens, discutirei filosofia barata, rirei todos os dias um
pouco. Ou muito.
Aceito que tenho que ficar. E farei desse período o melhor
que puder. Como sempre. Como em qualquer lugar do mundo.