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É aquele momento em que me deito no escuro deste
quarto, no silêncio merecido, ouvindo apenas o barulho da minha própria barriga
que penso em como, de fato, o mundo volta ao seu lugar.
Parada, sem sair do lugar, sem querer sair do lugar.
Naquela antiga sensação do relógio, que mesmo parado, quebrado e inútil, acerta
duas vezes num dia. É assim, estou parada e a conta gotas as coisas se acertam.
É o mundo que se move e se ajusta a minha volta. Estou parada ouvindo apenas os
sons que meu corpo reproduz.
E dentro do silêncio da minha mente, voltam
palavras, sensações, sentimentos e momentos. Sem saber ainda o que fazer, sem a
nobreza do perdão que ainda me falta, admiro e respeito calada a nobreza de
outrem. Permaneço calada e imóvel, esperando que o tempo continue me dizendo o
que fazer.
Por enquanto, apenas o doo. Por amor, esse que me
maltratou e agora me pede humildade.
Por enquanto, agradeço o veneno que se transformou
em antídoto. O mofo que se transformou em cura.
Por enquanto, apenas resignação.